Na Onda Com...João Leiria

Na Onda Com...João Leiria

Já á algum tempo que não saía nenhuma entrevista, esta já anda aqui no mail á uns tempos, mas devido á sua importância só agora acho que deve estar online. :)

Quem não conhece o mestre João Leiria, dinossauro dos waveskis, e o fundador da loja Clorofila na Figueira da Foz. É um previlégio poder vê-lo a surfar e compartilhar ondas com ele, apesar de já não ter 20anos, mas continua com um surf jovem e agressivo, sempre na busca do lip. (como eu curto chamar-lhe cota)

Na entrevista notasse que não tem papas na lingua, e está sempre pronto a dar uma ajuda no que toca a divulgar e inovar ácerca do waveski. Obrigado João pelas fotos classicas e exclusivas aqui do nosso burgo.

Nome: João Miguel Freitas Leiria

Idade: 42 Anos

Local Residencia: Leiria

Onde Surfas: Figueira da Foz, Peniche e onde houver ondas

Waveski Actual: Radical Island


 FB- João á quantos anos surfas de waveski e como começou este maldito vicio?
JL- Faço waveski desde 1993, mas já ando de kayak desde 1984 e como passava as férias na minha terra natal, Tavira, cedo começei a surfar, conforme me permitia o kayak que tinha. Começei então a conhecer melhor o mar e as ondas e a doença instalou-se até hoje.

Já aqui lhe dava com força!

FB- Que waves já te passaram pelas mãos?

JL- Começei com um cocodrilo(1ªfoto em cima) do Nelo dos anos 80, foi a minha iniciação, ainda tinha alguns compinchas mas depressa se cansaram...partiram dentes...e outros acidentes que os desmotivaram, continuei sozinho mas sempre no meio dos surfistas. Depois pedi ao Eduardo um shape que ele já tinha feito por um famoso shaper português chamado Fernando Horta, acabou morto de overdose e quase passou á qualidade de mito urbano na nossa modalidade.

Depois apareceu um shaper brasileiro ja na decada de 90, que shapava para a Polen e que acaba por se estabelecer, fez me uma maquina que foi a coisa mais avançada que tive, quando a testei ficava todo dentro de água e chorei de raiva, mas acabou por ser um ponto de viragem no meu surf, passei a surfar e não somente descer ondas. Depois volto a falar com o Eduardo, pois ele ainda tinha o shape do Horta e volto a ter uma tábua da Goltziana. Depois parti o nose e fiquei alguns meses sem surfar , até flipei da cabeça. Mas como as opções na existiam, acabei por comprar um slide ao meu amigo Artur, que é o dono da Sipre e representava a RTM cá.

Foi uma grande frustação, pois perdi o surf que tinha, a prancha foi um erro, não me servia. Então começei a procurar algo em segunda mão e ai conheci o João Pais e comprei o Island, parecia que tinha renascido de novo, mas ainda não me permitia evoluir, prancha boa para mar grosso ou mexido.

Então foi  a vez da Ks, e aqui sim, senti-me realizado, mas sempre um mas, a prancha metia água e já não suportava os meus 85kg. É aqui que surge a minha nova bébe, o Island, e espero subir mais um patamar e praticar o surf que gosto.

FB- Quais os spots do momento e qual o teu preferido?

JL-  Não sou suficiente informado para o saber, mas existem muitos que nos passam despercebidos e acabamos por surfar todos em molhadas, parecem gajas ás compras na altura dos saldos.

FB- O que pensas sobre a evolução do waveski em Portugal, tanto dentro de água como em termos de construtores?
JL-  Esteve estagnada durante muitos anos pois não era reconhecida como alternativa válida para surfar com pagaia. Nós, waveriders, podemos alguns ter origem no rio, mas sabemos estar no mar e respeitamos as regras do surf. Entretanto quando começamos a fazer umas aparições nas provas de 2007, ainda inseridos na classe de sit-on-top, mostramos que estas "coisas" são capazes de velocidades e manobras com uma radicalidade muito maior que o kayaksurf. Mas os construtores continuam a dormir, esperam que surja o mercado para depois oferecerem o produto. Creio que estão a falhar como sempre.

FB- Achas que desde o tempo em que começaste a surfar até ao dia de hoje, os waves sofreram muitas mudanças?

JL- Claro que sim, muito á semelhança das pranchas de surf, estão mais leves, rápidas, finas e descartáveis , como tudo hoje em dia.

FB- O que pensas que é preciso para que o Waveski em Portugal esteja ao mesmo nivel que em França, Australia, etc...?

JL- Talvez sermos colonizados por algum desses paises, temos de nos aceitar como somos, e o nosso nivel está a subir muito rapidamente, mas(outra vez um mas) sem uma estrutura que dinamize a modalidade, sem um fabricante a sério, sem apoios reais, tudo não passa de atletas pontuais que são uns fora de série.

FB- Competição continua nos teus planos?

JL- Gosto de competir pela participação saudavel e convivio, bla, bla, bla, bla wiskas saquetas. :) Acredito que evoluimos nas competições, mas sou muito leal e honesto, como tal não consigo compactuar com lobis mesquinhos que envolvem personalidades egocentricas e....já chega.
Acho que gostava de ir lá fora participar numa prova, talvez em França, de preferência acompanhado por um rider com nivel para mostrar que tambem sabemos surfar tão bem como jogar á bola.
Por cá as coisas não estão a ir no sentido que eu considere o que mais favorece o waveski, o lobi do kayaksurf é muito fortem e está muito enraizado nos construtores que descendem TODOS do rio. E ainda temos a situação dos resultados que parecem estar viciados, ou quase.

Aquela manobra maxima, que alguns ambicionam, mas nem todos a conseguem! Tubaço...

FB- O que achas entre a relaçao entre surfitas e waveski riders?

JB- É normal quando andam uns "amigos" dentro de água a remar no pico, que pensam que estão numa "contra" de um rio, estorvam e tornam-se uma ameaça á segurança de todos no pico. E dão uma imagem negativa a todos aqueles que andam de pagaia na mão. Somos assim sempre mal vindos em qualquer pico onde o pessoal não nos conheça pessoalmente, temos que impor o nosso surf.

Umas histórias interessantes.....

Tinha o meu kayak e queria surfar melhor, na altura surgiram os primeiros kayaks de ondas, tinham a alcunha de chinelos. Ainda testei um do Eduardo, mas dava muito trabalho quando tinha de me ejectar, duas ou 3 vezes e acabava estoirado e com pouco surf no corpo. Mas um dia vou a Peniche, ao Molhe Leste e aquilo estava clássico como nunca mais voltei a ver, cerca de metro e meio perfeito, com uma ou duas dezenas de bodyboarders e 2 surfers, mas depois apercebo-me que no pic estava alguem a remar numa prancha esquesita, foi a primeira vez que vi um waveski, entretanto o amigo lá se foi mantendo no pcio á espera da sua onda, mas os bodyboarders não lhe davam qualquer chance, até que ele deve ter achado que aquilo já era abuso e dropou uma onda perfeita com 4 bodyboarders, imaginem o stress, metro e meio super tubular e cinco personagens na parede a full power...o nosso rider faz uma pequena elevação na parede e os dois sabonetes que estavam desse lado, concluiem que afinal a onda não ea boa e saem de fininho. Ai o amigo que percebe onde pode fazer a manobra do dia e volta ao bottom para ganhar speed, aqui os outros rastejantes que estavam curiosos com o ser estranho que estava na parede, decidiram seguir em frente antes que a coisa corresse mal. Ai o amigo incetou uma subida na vertical e entrou no ar e executou um 360 aereo e aterra na parte de trás da onda sem que eu consiga fechar a boca ao ver a aterragem, já que a onda estava a fechar  e eu fiquei sem perceber o que ele tinha feito.

E foi aqui, neste preciso momento que eu decidi o desporto que queria fazer....AQUILO!

O "cota" sempre bem disposto!

SlideShow com mais fotos:

Fotos de: Arquivo pessoal João Leiria

                                      JucaBrás

Thanks João  e que tenhas muitos anos de surf pela frente.